Introdução
A prevenção e tratamento eficaz do câncer do colo do útero são cruciais para reduzir as taxas de mortalidade associadas a esta doença.
No Brasil, cerca de 5 mil mulheres morrem anualmente devido a este tipo de câncer, o que evidencia a necessidade de estratégias de rastreamento adequadas.
Diretrizes Brasileiras para Rastreamento
As diretrizes nacionais indicam que o rastreamento deve ser realizado em mulheres de 25 a 64 anos, pois essa faixa etária apresenta a maior eficácia na detecção e prevenção do câncer do colo do útero.
O exame citopatológico antes dos 25 anos pode trazer mais danos do que benefícios, como veremos a seguir.
Desvantagens do Rastreamento Antes dos 25 Anos
Evidências científicas mostram que o rastreamento antes dos 25 anos não impacta significativamente na redução da incidência ou mortalidade do câncer do colo do útero.
Eficácia Reduzida em Mulheres Jovens
Dados nacionais e internacionais apontam que somente cerca de 1% dos casos de câncer invasor ocorrem em mulheres até 24 anos.
Além da baixa incidência, o rastreamento em mulheres jovens é menos eficiente, conforme demonstrado em estudos de caso-controle no Reino Unido.
Riscos de Sobretratamento
Rastrear mulheres jovens com menos de 25 anos implica em uma quantidade significativa de exames adicionais e tratamentos desnecessários.
Estudos ingleses mostraram que para prevenir um único caso de carcinoma invasor seria necessário realizar entre 12.500 e 40.000 exames adicionais e tratar entre 300 e 900 mulheres com NIC.
Em Ontário, Canadá, não houve associação entre o rastreamento e a redução da mortalidade em mulheres com menos de 30 anos.
Impacto na Saúde Reprodutiva
O tratamento de lesões precursoras do câncer em adolescentes e mulheres jovens está associado ao aumento da morbidade obstétrica e neonatal, incluindo partos prematuros.
Portanto, reduzir as intervenções no colo do útero em mulheres jovens é essencial, especialmente porque muitas ainda não têm prole definida.
Aspectos Psicológicos e Sociais
O diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis e lesões precursoras do câncer pode impactar negativamente a autoimagem e sexualidade de adolescentes e mulheres jovens.
A orientação adequada sobre anticoncepção e práticas de sexo seguro é crucial e pode ser implementada sem a necessidade de incluir essas mulheres no programa de rastreamento precoce.
Orientações para Mulheres Jovens
Mulheres jovens sexualmente ativas devem ser informadas sobre métodos anticoncepcionais, doenças sexualmente transmissíveis e práticas de sexo seguro.
Essas medidas são fundamentais para a saúde reprodutiva e podem ser realizadas independentemente do rastreamento do câncer do colo do útero antes dos 25 anos.
Conclusão
Iniciar o rastreamento do câncer do colo do útero antes dos 25 anos não é recomendado devido à baixa eficácia e aos riscos de sobretratamento.
As evidências apontam que o rastreamento precoce não reduz significativamente a incidência ou mortalidade do câncer e pode resultar em danos à saúde reprodutiva e psicológica das mulheres jovens.
Portanto, é essencial seguir as diretrizes nacionais e realizar o exame citopatológico na faixa etária recomendada, de 25 a 64 anos.
Fonte:
https://www.portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/
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